sábado, 7 de agosto de 2010

Orixá Nanã Burukê - A nossa avó querida


Passado algum tempo, resolvi escrever sobre essa orixá que tanto me ajuda e me guia.
Quem tem sabe a confiança que Nanã passa para aqueles que protege. Para mim, é uma honra ter ela cuidando de minha coroa.

Bem, antes de falar o que todo mundo quer saber, é legal falar da história de Nanã.

Nanã era originalmente um Vodum (Equivalente a orixá) da nação jeje e que foi incorporado aos cultos de Candomblé de Ketu. Ela é considerada por todos os adeptos do Culto Vodun como a grande Mãe Universal, pórem, como Orixá de candomblé ela é encarregada pelos dominios das chuvas, águas paradas, mangue, pântano, terra molhada e lama. Diz as lendas que Nanã é a mãe de Obaluaê, Ossain, Oxumarê e Ewá, e é comum uma filha de Nanã possuir algum desses orixás como Contra-Juntó.

Vale ressaltar também que dentro dos terreiros de candomblé, os rituais que envolvem Nanã, não costumam utilizar o ferro. Ela prefere o barro e aprecia muito quando suas obrigações envolvem este elemento. Diz a lenda que isso se deve ao fato de nanã e ogum não se darem muito bem, mas não gosto de acreditar nisso. Acho que está mais relacionado ao fato de que o culto de nanã, é tão antigo que chegar a anteceder a descoberta do ferro. Suas oferendas podem ser relacionadas ao tipo de comida que os Idosos preferem: Grãos, Mingau, e alimentos moles. Dou um ênfase no meu favorito: O Mugunzá

Nanã tem como saudação o sonoro Salúba, e tem como ferramenta o seu Ibirí. ( Um chicote feito com palha da costa e ornamentado com búzios, muito semelhante ao Xaxará de Obaluaiê.) No candomblé sua cor principal é o lilás(Variando a tonalidade de acordo com a qualidade de nanã) e na Umbanda é o azul claro e branco, justamente por ela estar incluída dentro da linha de vibração de Iemanjá. Suas guias normalmente são imantadas com água do pântano ou água da chuva, por estas normalmente já possuirem o axé de nanã.


É legal diferenciar a atuação de Nanã dentro da umbanda, pois nela, é muito dificil Nanã dar filiação, já que não trabalha com uma linha própria (Assim como Ossain, Oxumarê, e outros...) Ela trabalha na vibração da transformação e da renovação e na linha de Saint-Germain (São José) e é sincretizada como Nossa senhora Sant'anna por esta também ser a avó de jesus. Além disso, seu dia é 26 de Julho, e nesse dia costuma-se festejar muito em homenagem a nossa querida avó, que tanto nos ajuda!

Salúba Nanã Burukê!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Resenha de Livro - Ewé

Todo amante dos orixás, pelo menos uma vez na vida, já ouviu falar de Pierre Verger. O curriculum dele fala por si próprio, tanto como profissional, como religioso.
Juro para vocês que um dia eu irei parar e falar mais sobre esta figura importantissima para a cultura afro-brasileira, mas por enquanto, vou somente falar sobre um dos livros mais queridos de minha coleção.

Desde que começou a estudar os fundamentos do candomblé, durante a sua formação como babalaô, Verger desenvolveu um interesse peculiar nas Ewé, ou seja, nas plantas. De acordo com o proprio Verger, o interesse surgiu porque tinha o direito e dever de aprender com mestres africanos os trabalhos das plantas medicinais e litúrgicas.
Pois bem, tal interesse e afinco nas pesquisas sobre as plantas fizeram com que nosso querido amigo macumbeiro escrevesse um livro onde iria expor todo o conhecimento adquirido sobre as plantas em suas viagens e pesquisas, e assim nasceu "Ewé : o uso das plantas na sociedade iorubá"
Basicamente em sua estrutura, é um livro de receitas, pórem, para estudiosos do candomblé. O trabalho de Pierre Verger é tão minuncioso e preciso (Caractéristicas adquiridas do seu trabalho como fotográfo) que ele parece transcrever as 2.216 da boca daqueles que passaram para ele.
Acreditem, existe encantamento para tudo possa imaginar. Chego a divagar em quantos lugares Verger passou até conseguir essas informações.
De fato, o livro é um guia-de-macumbas para qualquer um que se aventure a ler. O grande problema é que, para se ler, tem de se ter um conhecimento já desenvolvido sobre a lingua Yorubá e sobre as plantas. Coisa de quem gosta mesmo!
é um livro que eu recomendo, mas não é um livro qualquer! é uma obra obrigatória na coleção de qualquer amante dos orixás!

sábado, 26 de junho de 2010

Orixá Xangô - Nosso rei dos reis!




Com a chegada do dia de São Pedro (29/06/2010), achei legal falar um pouco sobre o orixá Xangô. Pode-se dizer que existem duas visões sobre nosso grande pai xangô, a do candomblé e da umbanda.

No candomblé, pode-se dizer que é um dos orixás mais cultuados respeitados e famosos do Brasil. É interessante frisar a que em Pernambuco, os cultos a xangô são tão difundidos que o próprio candomblé passa a se chamar Xangô na Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe.

Bem, de acordo com nossos amigos do Candomblé, Şàngó (ou Xangô, em um jeito abrasileirado) teria sido o quarto rei da cidade de Oió, que foi o mais poderoso dos impérios iorubás. Após seu desencarne, Xangô passou a ser cultuado como uma divindade, como era comum acontecer com os grandes reis e heróis daquela época, e seu culto passaram a ser o mais importante da sua cidade, a ponto de o rei de Oió, a partir daí, ser o seu primeiro sacerdote. Xangô passou a ser um Orixá, um senhor de nossas cabeças, uma força da natureza. Acho que não me interessa muito falar sobre as lendas sobre xangô, apesar de dentro do candomblé, estas lendas serem uma forma de passar os fundamentos dos orixás. A sua saudação é o Kawó-Kabiesilé

Como orixá, Xangô é o senhor dos trovões e do fogo no candomblé. Diz-se que ele é viril e violento, porém muito justo. Odeia a injustiça e justamente por isso apela-se muito à ele quando se tem problemas judiciais ou relacionados a justiça.

Em sua representação dentro do candomblé, Xangô aparece como um negro com o porte de rei. É alto e forte, sempre com uma coroa em sua cabeça, e o seu Oxê (Machado de duas laminas). Além disso, nas casas-de-santo, é comum encontrarmos qualidades (Que prefiro chamar de intermediários) que diferenciam as manifestações. É praxe na iniciação, na terceira saída do iaô do roncó para o barracão, o orixá dizer o seu nome ( A qualidade de orixá que trabalha com o filho-de-santo.). Sua cor é o vermelho e branco.


No xirê, xangô se manifesta de forma firme, na maioria das vezes dança rápido, seguindo o ritmo dos tambores, cruzando e levantando os braços.

Em se tratando de Oferendas, a principal oferenda feita a xangô é o Amalá. Feito com quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce, pode ser feito de várias maneiras. É oferecido em uma gamela forrada com massa de acaçá. Também chamado pelo povo de santo nos candomblés jeje-nagôs de caruru.


Quando o assunto é Umbanda, a visão sobre Xangô muda um pouco;,Justamente pelas diferenças entre as religiões. Xangô na umbanda ocupa mesmo nível de evolução dos santos da igreja católica. Em sua base de fundamentos, não existe muita diferença entre o candomblé e a umbanda. A visão de força da natureza sai um pouco de foco e Xangô passar a ser visto como o orixá da justiça e da lei. Sua vibração pode ser encontrada na natureza, em pedreiras, grutas de pedras e outros redutos da natureza contendo rochas.
Na umbanda, Xangô não possui qualidades. É comum ver Xangô sincretizado como São Pedro e São João Batista, mas o principal santo é São Jerônimo. Sua cor na umbanda é o Marrom.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A união das correntes

26 de junho de 2010.

Nem sempre a gente cresce consciente do que nos espera no futuro. Dependendo da criação, podemos nascer crentes em uma força superior ou discrente na humanidade como um todo. Comecei como um discrente completo. Já fui do tipo de pessoa que cansou de questionar, e por causa desse cansaço, virou as costas para Deus.

Mas eu mudei. Hoje, acredito na verdade das religiões, na bondade espiritual e na caridade com o próximo. Acredito que se existe a religião é porque precisamos dela. Seja ela a Católica, Evangélica, Budista, Umbandista ou qualquer uma das milhares que existem. Todas tem seus defeitos e todas tem as suas qualidades. Acredito que para alcançarmos a iluminação completa, é necessário que ignoremos os defeitos e somemos as qualidades.

É nisso que se baseia a União das Correntes. No respeito!

Pra praticar a união das correntes, não é necessário praticar todas as religiões. Basta praticar a que você mais se identifica, respeitando a religião daqueles que estão perto de você.

Axé para todos, e que nosso pai Oxalá nos abençoe!